Você sabe o que é nomofobia?
Livro da Graça Editorial orienta famílias a lidarem com esse transtorno psicológico cada vez mais recorrente na sociedade. Psiquiatra prega a atenção aos primeiros sintomas. Leonardo Felix Por acaso seu filho sente um medo irracional de estar sem um telefone celular ou de aparelhos eletrônicos, em geral, como computadores, tablets e videogames? Cuidado! Esse pode ser um primeiro sinal ou sintoma de que ele possui nomofobia. “A fobia é tão grande que chega a ser maior do que o apego pelos familiares, tornando assim muito comuns os problemas e conflitos familiares na comunicação. A nomofobia e a dependência digital são doenças relativamente recentes, assim como as novas tecnologias. Na maioria dos casos, os pacientes procuram o consultório apresentando sintomas associados a fobias, ansiedade e, até mesmo, depressão”, explica a psiquiatra Juliana Moutinho Antunes. Mesmo sendo um tema extremamente contemporâneo, já há amparo na literatura para tentar elucidar a delicada questão. O livro “Redes e adolescentes”, da dra. Kathy Koch, lançado no Brasil pela Graça Editorial, procura orientar as famílias a lidarem com esse transtorno psicológico cada vez mais recorrente na sociedade da informação. Segundo a autora, “cinco necessidades fundamentais” dos jovens devem ser atendidas, mediante o constante diálogo entre pais e filhos e a prática da fé em Jesus e da Palavra de Deus: segurança, identidade, pertencimento, propósito e competência. “A insegurança leva a busca da estabilidade em lugares errados (tecnologia, relacionamentos); (...) jovens sem acesso imediato à tecnologia têm sua segurança ameaçada; (...) se sentem seguros se as coisas são rápidas, perfeitas e fáceis; (...) confiar em pessoas não é natural para os jovens, pois seus relacionamentos são por meio das mídias sociais e das trocas das mensagens; (...) a tecnologia não é o meio que Deus preparou para suprir essa necessidade de segurança”, enumera a dra. Kathy. Para dar dimensão às falas de Kathy Koch e Juliana Moutinho Antunes, um estudo da City University de Hong Kong entrevistou 301 estudantes universitários entre 18 e 37 anos na Coreia do Sul, concluindo que eles veem smartphones, tablets e notebooks como parte de sua identidade, uma extensão de seus corpos. Sem a possibilidade de se comunicarem por meio desses aparelhos, os entrevistados demostraram desconforto, angústia e ansiedade – alguns dos sintomas da nomofobia, que vem do inglês “no mobile phobia” (ou medo de ficar sem celular). De acordo com o portal Canaltech, “esses sinais também são cada vez mais comuns entre os brasileiros que, segundo dados de uma pesquisa feita pela Millward Brown Brasil em parceria com a NetQuest, passam em média 3h14 por dia conectados ao smartphone. Entre os jovens da geração millennial, o tempo médio (...) é ainda maior: 4h diariamente. Apesar de o tempo excessivo que o indivíduo gasta usando o aparelho despertar curiosidade, são os prejuízos que esse uso ocasiona na vida que realmente preocupam”, discorre a publicação. De acordo com Koch, “os pais cristãos sabem que seus jovens serão mais íntegros e saudáveis quando a identidade deles foi fundamentada em seu relacionamento com o Senhor”. Entretanto, para tal, é preciso ocupar o vazio existencial: “Preenchemos esse vazio de maneira saudável pertencendo a Deus, em meio a pessoas que demonstram caráter sólido e compartilham nossas crenças, nossos interesses e/ou talentos”, explica. A psiquiatra Juliana Moutinho Antunes credita a gênese do problema ao modo de vida agitado da vida contemporânea: “Os pais passam muito tempo trabalhando enquanto os filhos ficam a sós, dedicando seu tempo à tecnologia e não aos estudos, o que gera muitos conflitos. É preciso que os pais fiquem atentos ao tempo de exposição à tela e ao conteúdo que essa criança ou adolescente acessa, pois, hoje em dia, a maioria dos jovens já possuem celulares”, orienta. A doutora norte-americana ressalta que “ao encontrarmos nossa competência em Deus, podemos cumprir nosso propósito”. Mas os jovens, especialmente, precisam de orientação nesta descoberta: “Os adolescentes dessa geração possuem multitalentos e são ‘multiapaixonados’, essa é a razão pela qual precisam de direção a fim de descobrir e acreditar no seu chamado”, diz. A atenção aos primeiros sinais e sintomas da nomofobia são fundamentais para a melhoria do quadro, segundo Antunes: “Por exemplo, verificar os dispositivos a cada cinco minutos de forma obsessiva; mentir sobre o tempo gasto no uso do aparelho; irritação no humor quando o celular perde a conexão com a internet. Dessa forma, começam a ocorrer conflitos no trabalho e na família devido ao uso excessivo da tecnologia. Alguns sintomas relacionados à abstinência podem aparecer, tais como taquicardia, sudorese, tremores e falta de ar. Quando esses sintomas estão associados a um prejuízo funcional, é necessária uma avaliação médica, com a possibilidade de início de medicação e terapia psicológica semanal”, encerra a psiquiatra. Fontes: https://canaltech.com.br/saude/nomofobia-vicio-em-dispositivos-moveis-pode-levar-a-depressao-135043/ https://canaltech.com.br/smartphone/brasileiro-passa-mais-de-3-horas-por-dia-no-celular-diz-pesquisa-80193/ https://www.liebertpub.com/doi/abs/10.1089/cyber.2017.0113?journalCode=cyber